Spleen e Ideal
II - O Albatroz
Às vezes, por folgar, os homens da equipagem
Pegam de um albatroz, enorme ave do mar,
Que segue - companheiro indolente de viagem -
O navio no abismo amargo a deslizar.
E por sobre o convés, mal estendido apenas,
O imperador do azul, canhestro e envergonhado,
Asas que enchem de dó, grandes e de alvas penas,
Eis que deixa arrastar como remos ao lado.
O alado viajor tomba como num limbo!
Hoje é cômico e feio, ontem tanto agradava!
Um ao seu bico leva o irritante cachimbo,
Outro imita a coxear o enfermo que voava!
O Poeta é semelhante ao príncipe do céu
Que do arqueiro se ri e da tormenta no ar;
Exilado na terra e em meio do escarcéu,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Charles Baudelaire
Em: As Flores do Mal
Tradução: Jamil Almansur Haddad.
Fábula
-
O desejo…
pois claro… o desejo podia dizer-se
- aniquilação do silêncio –
E a partir daí alcançava-se outra dimensão,
outra visão do instante
em ...
Há 5 dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário